O luto nos remete à perda que se configura não somente a morte de um ente querido, mas também de uma condição de vida, como exemplos, a demissão de um emprego na qual se nutria planos, aposentadoria, um bem material, uma amizade, um casamento, perda do corpo jovem (velhice), corpo mutilado por acidente ou sonhos interrompidos por uma doença.
O luto é um laço de amor que se desfez. É um processo esperado pela perda do vínculo. O paciente sente profundo desamparo afetivo com sensação de perda da sua identidade.
O luto não é uma doença, por isso nem todo enlutado necessita de tratamento psicoterápico. É necessário avaliar o indivíduo ou o grupo enlutado.
Cada um tem um jeito único para enfrentar o luto, manifestado pelo choro, silêncio ou pelo isolamento, porém é necessário que seja verbalizado. Somente ao entrar em contato com o insuportável da perda é possível obter melhora no quadro depressivo.
O enlutado é acolhido pelo terapeuta que tem preparo para auxiliar o paciente a organizar suas ideias e seus sentimentos. Junto com o psicólogo o paciente possui a liberdade para expressar a sua dor sem ser julgado. Em alguns casos, é necessário uso de medicação psiquiátrica, com o objetivo de alívio físico.
A elaboração saudável do luto dependerá dos recursos emocionais de cada um (personalidade) e do meio social na qual o indivíduo pertence (família, amigos e comunidade).
Em terapia o paciente consegue aos poucos formar novos vínculos significativos, na qual possibilite fazer novos investimentos afetivos, seja em novos relacionamentos, novas oportunidades profissionais ou nova maneira de viver. Aos poucos consegue retomar o prazer de estar vivo e sentir-se produtivo.
Passamos por muitas perdas ao longo da vida e podemos aprender com essas experiências.
Sara Andreozzi Petrilli do Nascimento
Psicóloga da clínica Elgra, Especialista em Psicossomática Psicanalítica e pós-graduada em psicologia hospitalar.
CRP 82574/06