Quando uma criança vem ao mundo, nasce também uma mãe, um pai, avós, tios e primos. É um ritual de passagem para uma nova configuração de vida e de comportamento. É uma nova rotina.
Cuidar de um bebê demanda ir além dos cuidados básicos; requer o que Winnicott chama de “devoção”. Esse autor é uma referência na psicologia infantil e se debruçou sobre a importância do vínculo materno. Winnicott introduziu o conceito de holding,que significa segurar o bebê, embalar, envolvê-lo nos braços, trazendo segurança e afeto, algo essencial para a saúde mental e física deste ser totalmente dependente e em formação.
Fabio Herrmann, psicanalista brasileiro, frisa, com razão, que a maternidade é feita de culpa, sentimento estabelecido a partir do corte do cordão umbilical. Sentimos culpa pelos acidentes domésticos que não conseguimos evitar, pela relutância na alimentação, por perdermos o controle diante de birras etc.
Uma das principais causas de conflito e sofrimento maternos é a necessidade de trabalhar fora. A mãe precisa elaborar emocionalmente a frustração por perder etapas importantes do desenvolvimento de seu filho. Hoje em dia, porém, em muitos casos, a renda da mãe é indispensável, devido ao alto custo de criar um filho. Já o lado positivo do trabalho remunerado é a melhoria na autoestima e a ampliação dos recursos emocionais no cuidado com os filhos.
A habilidade de administrar o tempo é uma ferramenta muito importante para a construção do vínculo materno. Vale destacar que o foco não é na quantidade do tempo juntos, mas na qualidade dessa interação. Ouça música com seu filho, dancem no tapete da sala de estar, brinquem de cavalinho, façam refeições juntos e fale olhando-o nos olhos. Brindem e celebrem a vida em família.
O diálogo e o afeto são estruturas que formam um indivíduo mais feliz e saudável.
Sara Andreozzi Petrilli do Nascimento
Psicóloga da Clínica Elgra, Especialista em Psicossomática Psicanalítica e Pós-graduada em Psicologia Hospitalar
CRP 82574/06