A pandemia do Covid-19 alterou drasticamente a rotina e a vida das pessoas por meses e sem previsão de normalização. Estudantes, professores e pais tiveram que se adaptar ao ensino à distância e o local de trabalho também sofreu alterações.
O home office, tendência do futuro, passou a ser incorporado por instituições públicas e privadas como uma alternativa que economiza tempo gasto no trajeto, além de aumentar a produtividade.
O trabalho em casa trouxe a ideia de conforto. Muitos trabalhadores optaram por substituir roupas sociais pelo pijama. Homens puderam deixar a barba por fazer e mulheres não sentiram a necessidade de se maquiar ou arrumar os cabelos. No entanto, não foi somente a aparência física e os hábitos que sofreram mudanças, mas o psiquismo também.
Houve aumento da procura por terapia em diversas faixas etárias por demandas de oscilação emocional durante a pandemia, tais como transtornos de ansiedade e depressão. O home office, no começo encarado por muitos como uma situação dos sonhos, passou a representar um pesadelo pela drástica diminuição do contato social.
No home office, o trabalhador está à disposição da empresa em período integral e, em muitos casos, além do horário comercial, podendo pular refeições e diminuir a quantidade de sono, fatores que aumentam e potencializam o estresse. Torna-se prejudicial à saúde não haver separação entre o ambiente casa e o ambiente trabalho, “não se respira outros ares”.
A arquitetura e a psicologia estão entrelaçadas para a compreensão do nosso comportamento. A forma como nos apropriamos do espaço físico influencia a saúde do corpo e da mente. É possível nomear as sensações como agradáveis ou desagradáveis, as que nos causam leveza ou cansaço, entre outros. Permanecer longos períodos fechado em um mesmo ambiente sem ver a luz do sol resulta em perturbações das funções biológicas. Perde-se o referencial do dia e da noite.
O estresse e a dificuldade de concentração no home office aumentam com a presença de barulhos externos como, por exemplo, nas inúmeras tentativas de conclusão de uma tarefa profissional em paralelo ao cuidado de crianças, que demandam atenção e possuem necessidades próprias. As distrações aumentam a irritabilidade, causando atrasos na entrega e erros.
Uma alternativa é tentar estabelecer horários para a rotina da família e, se possível, contar com ajuda de pessoas próximas na administração do tempo e na divisão de tarefas. Além da terapia com psicólogo, é de grande auxílio o tratamento com acupuntura e pilates para redução do nível de estresse.
Sara Petrilli do Nascimento
Psicóloga da Clínica Elgra, Especialista em Psicossomática Psicanalítica e Pós-graduada em Psicologia Hospitalar. CRP 82574/06